sábado, 31 de outubro de 2009

Meios de comunicação de massa

Segundo os dicionários a informação é definida como o ato de informar. Sob essa visão, a informação é vista como “algo” advindo de uma ação. Comunicação é o Processo pelo qual ideias e sentimentos se transmitem de indivíduo para indivíduo, tornando possível a interação social.
Comunicar-se, portanto, é uma necessidade fundamental do ser humano. Através da comunicação, desde os tempos primitivos, o homem podia trocar informações sobre o melhor lugar para encontrar presas para a caça, para se refugiar predadores, o melhor lugar e a melhor época para plantar a lavoura. Da mesma forma, cada nova geração pode se valer do que a anterior aprendeu, e passar o que descobriu para a próxima. Dessa forma, trocando informações, a espécie humana conseguiu se destacar das outras espécies, construir civilizações, desenvolver tecnologias.
Ao longo da história, os meios pelos quais se dava essa troca de informações foi evoluindo, com a criação das mais diversas formas de transmitir mensagens e compartilhar informação. Primeiro, vieram os gestos, depois a fala. Depois veio a escrita, que tornou possível “armazenar” mensagens para serem lidas sem a necessidade da presença do emissor. Mais tarde surgiu a prensa tipográfica, que tornou possível se replicar a informação a um custo relativamente baixo. A partir de meados do século XIX, com o surgimento do telégrafo, se tornou possível realizar a comunicação a grandes distâncias sem que alguém tivesse que se deslocar levando a mensagem. A partir daí surgiram o telefone, o rádio, a televisão e as tecnologias digitais. Hoje vivemos a chamada “era da informação”, na qual as trocas de informação se forma de cada vez mais intensa. Nesse cenário, os chamados “meios de comunicação de massa”, exercem um papel de grande importância. Através deles, é possível se transmitir mensagens a milhões de pessoas ao mesmo tempo. Um poder ao mesmo incrível e assustador.
Incrível porque através desses meios é possível se levar educação, entretenimento, informações de grande utilidade pública (instruções de como prevenir determinadas doenças, por exemplo). Assustador porque a maioria desses meios (rádio, TV, revista, jornal) funciona na lógica de “um para muitos”, ou seja, há um número reduzidos de pessoas produzindo conteúdo, e um número muitas vezes maior na outra ponta, consumindo. Isso faz com que a emissão de informações seja facilmente submetida a controle. Esse controle se divide basicamente em dois tipos, que muitas vezes se misturam: um deles é o controle exercido pelo Estado, sobretudo em regimes de exceção, como ocorria, por exemplo, no período da Ditadura Militar. O outro é o controle dos donos dos meios, seja como autocensura, seja na defesa de interesses políticos, econômicos e/ou religiosos aos qual o grupo controlador do meio seja ligado.

No caso específico do Brasil, dez famílias controlam os principais meios de comunicação privados: Abravanel (SBT), Sirotsky (RBS, maior grupo de comunicação do sul do Brasil), Civita (Editora Abril), Macedo (Record), Frias (Folha de S. Paulo), Levy (Gazeta Mercantil), Marinho (Organizações Globo), Mesquita (O Estado de S. Paulo), Nascimento Brito (Jornal do Brasil) e Saad (Rede Bandeirantes) Quer dizer, umas poucas famílias têm o poder de definir o que vai ser discutido ou não pela sociedade, e de que lado as questões serão abordadas. São eles que tem o poder de definir quem será retratado como herói, quem aparecerá como vilão, quem será ignorado.
Em princípio, todo meio de comunicação diz ser imparcial. Sabe-se, no entanto, que tal imparcialidade é algo difícil de ser alcançado, por uma série de fatores. O primeiro ponto é que a própria seleção do que é noticiado já envolve um julgamento de valor. Da mesma maneira, também há julgamento de valor quando se escolhe a abordagem que se dará a cada assunto, que destaque será dado a ele, quem será ouvido para comentar a notícia. Mas essa seleção não é um mal em si mesma, uma vez que é algo natural, que é feito não apenas pela mídia, mas por todos nós a todo instante.
O problema ocorre quando os meios se concentram em poucas mãos, pois assim a questão é vista por poucos lados, e muitos setores da sociedade não têm como mostrar a sua visão sobre o que ocorre. Com isso, a sociedade tem apenas uma visão dos fatos, e muitas coisas, embora influam diretamente na vida de milhões de pessoas, ficam “invisíveis” para a população, pelo fato de não aparecer na mídia. Tem-se apenas uma visão das coisas, se enxerga as questões de apenas um ponto de vista. Ou seja, não há uma “opinião pública”, fruto da reflexão da população após tomar conhecimento dos fatos e sim uma “opinião publicada”, fruto na maioria das vezes dos interesses dos donos dos meios.
O Brasil tem um sistema misto de radiodifusão, assim como outros países, com pesos diferentes para a mídia pública e a mídia privada. Porém, ao contrário do que ocorreu na maioria dos países europeus, nos quais as primeiras emissoras de TV a surgir foram às públicas (BBC na Inglaterra, TV5 na França, RAI na Itália, RTP em Portugal e assim por diante), foram às emissoras privadas que iniciaram as transmissões, e foram as únicas existentes durante muito tempo (a primeira TV Educativa do Brasil veio apenas no ano de 1967, em Pernambuco). Dessa forma, foram os meios privados que acabaram estabelecendo o padrão do que entendemos como televisão, que formaram o gosto do público brasileiro. Ao longo das décadas aprendemos a assistir notícias num horário x, novelas num horário, programas de auditório nos fins de semana, e assim por diante.
Por isso, muitas vezes as emissoras públicas tratam apenas de reproduzir os modelos de programação das redes privadas, repetindo consequentemente muitos erros, tais como a superficialidade no tratamento das questões.
Fora isso, há outros problemas, como a falta de conteúdos regionais, não havendo, muitas vezes, espaço para a divulgação de informações relevantes para a comunidade legal, ou para a difusão das manifestações culturais típicas de cada lugar. Predomina a chamada “cultura pop”, pasteurizada, fazendo com que as novas gerações muitas vezes desconheçam as tradições culturais dos locais onde vivem.

Há também a questão da radiodifusão comunitária, que encontra muitos problemas devido à excessiva burocracia estatal para se conseguir concessões para as emissoras comunitárias, que por isso muitas vezes funcionam clandestinamente, o que acarreta vários problemas com a Agência Nacional de telecomunicações, responsável pela fiscalização do setor no Brasil.
Nem tudo, porém são problemas. Nos últimos anos, mais e mais iniciativas vem sendo tomadas no sentido de se democratizar a comunicação e a difusão de informações. Nesse processo, a internet tem desempenhado um papel fundamental, por uma razão bastante simples: ao contrário dos meios tradicionais, a internet se baseia na arquitetura de “muitos para muitos”, ou seja, há a possibilidade de muito mais pessoas emitirem informação, seja criando suas próprias páginas e blogs, seja através de redes sociais, fóruns e afins. Dessa forma, as pessoas e as organizações têm oportunidade não só de dar a sua visão dos fatos, como também de questionar a maneira que os meios tradicionais tratam certas questões. Nesse questionamento, têm se destacado ultimam ante e no país sites como o Observatório da Imprensa(dirigido pelo jornalista Alberto Dines), Conversa Afiada(Paulo Henrique Amorim) e o Centro de Mídia Independente, (site no qual é possível encontrar textos escritos por gente das mais variadas tendências). Há também blogs de jornalistas como Luís Nassif, “Vi o mundo”, de Luiz Carlos Azenha, e “o Escrivinhador”, de Rodrigo Vianna, jornalistas que conhecem bem a maneira como funcionam os grandes veículos de comunicação, e explicam de forma bastante simples como, por que e a mando de quem ocorrem manipulações, sobretudo apontando.
Há também os sites de sindicatos, associações de moradores e movimentos sociais, que trazem a visão dessas organizações sobre o que acontece na maioria das vezes muito diferente do que aparece nos meios tradicionais. Sem falar em inúmeros blogs pessoais de cidadãos que embora não sejam jornalistas no sentido tradicional da palavra, utilizam a internet para expressar sua opinião sobre os mais diversos assuntos.
O problema, porém, é que a internet não Brasil ainda não é algo universalizado, e o acesso ainda se concentra nos níveis sociais mais elevados e nos grandes centros urbanos, sendo as conexões extremamente lentas e caras, quando comparadas às existentes nos países desenvolvidos. Nesse sentido, é de essencial importância que se intensifiquem os esforços para se levar o acesso à internet a mais pessoas.
Há também inúmeros movimentos que reivindicam pela democratização das concessões de radiodifusão, como por exemplo, o coletivo “Intervozes”, que congrega ativistas e profissionais de comunicação, com o objetivo “lutar pelo direito humano à comunicação”.
Entre as vitórias obtidas nessa luta, destaca-se a convocação da I Conferência Nacional de comunicação, na qual representantes dos mais variados setores da sociedade(governo, empresários, movimentos sociais, sindicatos) para discutir um novo marco regulatório para as comunicações no Brasil, uma vez que a lei que atualmente regula a radiodifusão é de 1962, e de lá para cá ocorreram inúmeras mudanças tecnológicas no setor.
Enfim, a comunicação de massa é uma ferramenta importantíssima, que deve ser utilizada com responsabilidade, visto que pode ter enorme impacto sobre a sociedade. O ideal é que se garanta a todos os setores da sociedade a oportunidade de manifestarem a sua visão dos fatos, para que a chamada “opinião pública” possa ter acesso a todas as visões, e daí tirar a sua conclusão.

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